domingo, 3 de março de 2024

3º ANO _ Os humanos e a linguagem: Linguagem e cultura

 SOCIOLOGIA

Professor: Amadeu Cardoso

Turma: 3º ano A/B/C/D


TEMA: Os humanos e a linguagem:  a Linguagem e cultura

PRIMEIRAS PALAVRAS

Entre 2013 e 2015, o número de haitianos matriculados na rede de educação pública estadual de São Paulo cresceu 13 vezes. A maioria desses alunos fala apenas créole e francês. Além da dificuldade com a língua, eles se depararam com o desafio de toda criança que muda de escola pela primeira vez: fazer novos amigos e se enturmar. Muitas vezes, no entanto, estrangeiros são vítimas de preconceito e violência quando chegam a um país que tem uma tradição cultural diferente da sua. 

Acesse: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/04/02/no-de-imigrantes-cresce-18percent-na-rede-estadual-de-escolas-de-sp.ghtml

A palavra cultura tem diversas origens e usos. Entretanto, para a Sociologia, ela é a base sobre a qual as sociedades humanas constroem seus diferentes modos de vida. É por meio da cultura que buscamos soluções para nossos problemas cotidianos, interpretamos a realidade que nos cerca e produzimos novas formas de interação social. A maneira pela qual estruturamos a economia, nossas formas de organização política, as normas e os valores que orientam nossas ações, todos esses elementos estão presentes na cultura. Por sua vez, a cultura é resultado das nossas ações sociais. As práticas, os saberes e sua aplicação pela coletividade resultam num conjunto de conhecimentos que orientam nossa ação no mundo e nos permitem reconhecer, explicar e construir a realidade social.

Porém, a construção da cultura não ocorre de maneira harmônica e igualitária. Ela é marcada por conflitos e relações desiguais entre os diversos grupos humanos. Por exemplo, quando exaltamos a diversidade cultural brasileira, não podemos nos esquecer de que boa parte da cultura popular sofre preconceito e que os processos históricos que geraram essas expressões culturais foram e são marcados por conflitos nos quais negros, mulheres, nordestinos, indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas e outras minorias sociais são geralmente considerados cidadãos de segunda classe e suas contribuições para a formação da cultura são relegadas a um plano inferior. Entretanto, a história nos mostra que, diante de interesses políticos e comerciais, as classes dominantes incorporaram essas práticas, saberes e costumes ao padrão cultural estabelecido.

Uma forma de perceber como esse processo de construção da cultura ocorre no cotidiano é pensar sua realidade como estudante. Os conhecimentos, as normas, os valores e as ações pedagógicas com que você interage no espaço escolar são produzidos em contextos históricos específicos e por grupos que têm interesse em sua formação. Muitas vezes, os saberes que você traz para a escola ou sua experiência de vida e sua realidade social são ignorados no processo educativo. Assim, sua formação e a maneira como você constrói suas opiniões e como age em seu dia a dia, os comportamentos com os quais se identifica, entre tantas outras coisas, podem não representar o modo como os grupos dos quais você faz parte representam a realidade.

Isso se relaciona, entre outros aspectos, às ideologias dominantes em nossa sociedade. Cada grupo ou coletividade constrói sua visão de mundo com base em contextos históricos e práticas sociais específicas. Desse processo surgem interpretações e propostas de ação que são difundidas socialmente com a pretensão de se tornarem o padrão geral a ser seguido. Quando isso ocorre, estamos diante do que chamamos ideologia. Nesse sentido, a ideologia pode ser compreendida como o conjunto de visões de mundo produzidas por determinados grupos sociais, propostas como modelos destinados a orientar as práticas de outros grupos sociais ou da sociedade na qual se inserem.

A escola tradicional é um veículo para a difusão da ideologia dominante, e, por isso, há uma desvalorização da cultura popular, que propõe outras formas de pensar e de agir no mundo. Por essa razão, várias práticas e vários saberes que não pertencem ou não interessam às classes dominantes foram historicamente desconsiderados pela escola. 

Cultura e ideologia são conceitos que explicam a relação intrínseca entre pensamento e ação. Diferentes contextos modelam nossas escolhas pessoais. Na atualidade, a expansão das novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) é mais um elemento a interferir em nossas opções de vida. Produzidas com base em uma dinâmica social que envolve diversos interesses econômicos, sociais e políticos, essas tecnologias provocam transformações no modo pelo qual os diferentes atores sociais agem e se percebem no mundo. Por outro lado, o modo como indivíduos e coletividades se apropriam dessas tecnologias pode gerar novas interpretações da realidade, capazes de alterar o sentido e a utilização original planejada por aqueles que incentivaram sua difusão. 

O QUE É CULTURA?

Cultura e vida social 

Perceber os múltiplos significados e usos da cultura é um dos modos de constatar sua importância. Em sua origem latina, cultura deriva de colere, que significa cuidar, cultivar, podendo também adquirir um sentido ligado à saúde fisiológica (cuidar do corpo), à religião (cultuar uma divindade) ou ainda à produção de alimentos (agricultura). O uso do termo é, portanto, dinâmico e adquire sentidos diversos de acordo com o contexto social e histórico. Numa definição sociológica básica, a cultura consiste no conjunto de práticas, saberes, normas e valores de uma coletividade, servindo de fundamento para as relações sociais nela estabelecidas.

Cultura como juízo de valor e como produção social

Para entender esses diversos significados, devemos atentar para algumas formas de utilização do termo presentes em nossa sociedade. A primeira delas é a relação entre cultura e educação. Quando afirmamos que “uma pessoa tem muita cultura”, o termo está sendo utilizado no sentido de educação formal ou acadêmica.

Nesse aspecto, relacionamos cultura a uma hierarquização dos indivíduos e grupos. Essa, porém, é uma utilização típica do senso comum. As Ciências Sociais compreendem diferentes formas de inserção na cultura, tendendo a descartar qualquer hierarquização que resulte na discriminação de pessoas ou grupos sociais.

Tal como acontece com o personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, o habitante das zonas rurais foi muitas vezes apontado como alguém preguiçoso e apático, o que exemplifica um modo preconceituoso de tipificar a cultura sertaneja, apresentada como inferior à cultura urbana. Esse é um exemplo de cultura utilizada como critério de valor. Ainda hoje, muitas manifestações da cultura brasileira são tratadas desse modo, sobretudo quando têm origem em grupos socialmente marginalizados.

Por outro lado, a cultura é pensada como práticas e valores de um grupo social, na sua dimensão material e imaterial, como patrimônio a ser preservado e transmitido. Nesse contexto, não há atribuição de superioridade de uma expressão cultural sobre outra. A ideia de cultura fundamenta a construção de teorias sociais que nos permitem compreender os conflitos culturais e a construção de uma crítica à dominação cultural que historicamente destruiu diversas sociedades e grupos sociais.

Cultura e ideologia 

A análise dos fenômenos sociais de nosso cotidiano nos permite perceber a mútua influência entre cultura e ideologia, seja no modo pelo qual os grupos e as classes sociais expressam, em práticas e saberes, sua compreensão e sua trajetória no mundo, seja na forma pela qual essa trajetória é interpretada e valorizada socialmente.

Em cada momento e contexto sócio-histórico, determinados padrões de comportamento são valorizados e outros tratados como secundários ou até rejeitados. Essa condição depende da relação estabelecida entre os diversos conjuntos de indivíduos no processo de interação social. Tal processo é marcado pelos interesses distintos de cada um desses grupos e pela tentativa das classes dominantes de tornar seus modelos referência para as demais classes.

Desse modo, a relação entre as diversas expressões da cultura, os grupos sociais que as desenvolvem, seu reconhecimento social e a relação dessas manifestações com o modo de produção capitalista representam como, em nossa sociedade, as relações entre cultura e ideologia são construídas e efetivadas nas relações sociais.

Uma manifestação cultural de origem popular como o funk carioca pode ser caracterizada como expressão social de parcela das classes dominadas da sociedade brasileira. Apesar da origem estadunidense, o funk foi ressignificado pelas populações da periferia das metrópoles brasileiras, que dele se apropriaram, e se tornou uma de suas referências na construção da identidade social. 

Por causa dessa origem popular, o funk é frequentemente visto como uma manifestação cultural de menor valor. Aqueles que dançam ou cantam suas músicas sofrem preconceito e discriminação, pois praticam uma arte considerada inadequada para os padrões dominantes. Muitas vezes, o funk também é associado à criminalidade e até mesmo proibido pelas autoridades policiais. ( CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK) - FUNK FAZ SUCESSO NO MUNDO

Entretanto, como gera retorno financeiro significativo, em determinados contextos esse tipo de expressão musical é encampado pelos meios de comunicação de massa e se torna uma mercadoria difundida socialmente. O caso do funk mostra como a cultura (práticas, saberes, valores) está sempre articulada com a ideologia (interpretação, compreensão, difusão de ideias) e com os interesses econômicos dominantes.

As diversas faces da cultura 

 A cultura é produção humana e não pode ser hierarquizada, pois não é possível justificar qual seria o padrão cultural a ser tomado como critério de diferenciação. Dizer que determinada prática cultural tem mais valor que outra é afirmar o etnocentrismo. Porém, isso não significa que não possamos relacionar a produção cultural com os grupos que as geraram. Sendo assim, é possível afirmar que a cultura possui diversas faces, que, em grande medida, representam os grupos, sujeitos e contextos dos quais surgiram.

Chamamos cultura erudita as práticas, os costumes e os saberes produzidos pelas elites ou para elas. Normalmente, tais práticas e saberes estão relacionados à produção cultural das classes dominantes, que procura se distinguir do que é produzido pelas outras classes.

 A cultura popular, por sua vez, refere-se às práticas, aos costumes e aos saberes que têm sua origem nas classes dominadas ou populares. Representa o conjunto de manifestações culturais cuja origem remete às experiências cotidianas daqueles que não pertencem às classes dominantes. Se afirmamos que a cultura erudita está ligada à cultura oficial, institucionalizada, devemos entender que a cultura popular expressa o saber não oficial, ou não institucionalizado.

Acesse: ACESSE AQUI URGENTE

Por que o Funk é criminalizado? 

https://www.politize.com.br/criminalizacao-funk/ 


O QUE É CULTURA ERUDITA?

O QUE É CULTURA POPULAR?


 

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